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Apagão de Mão de Obra, gargalo de economia.

02/05/2011

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Relembrar é viver, então vamos relembrar: Energia, portos, estradas, impostos, aeroportos, produtos chineses e mão de obra, coisas diferentes na semântica, porém semelhantes quando se fala em solução.

Senão vejamos: Não podemos crescer mais de 8% relação PIB devido à falta de infraestrutura para suportar tal crescimento no tocante a energia. Não foi investido recursos para ampliação de torres de transmissão e represas de geração. Todos sabiam, mas ninguém o fez e quando o fizer, não teremos resultados profícuos a tempo, pois a defasagem é de 20 anos. Isso, também está correlacionado como a situação dos portos que estão defasados e sucateados. Veja o caso das estradas brasileiras, em péssimo estado de conservação, prejudicando o escoamento da produção, o tempo se esvai e ninguém faz nada. Os impostos, em pleno treinamento para a olimpíada vindoura onde o País espera ser o primeiro, com medalha de ouro puro. Campeão dos campeões, não o Corinthians e sim o Brasil. A reforma tributária só vai se alongando, ninguém tem competência e coragem para fazê-la.  Os aeroportos só vieram atualmente à tona devido as olimpíadas e a copa do mundo, senão seria colocado embaixo do tapete. Agora tardiamente serão privatizados, puro exercício de apagar incêndio. O caso de Juiz de Fora também é igual, ninguém tomava providência em relação ao aeroporto(dizem), até que uma empresa chamada Azul exigiu um caminhão de corpo de bombeiros e um aparelho de raios-X, aí a sociedade se movimentou. Tudo gargalo. Por fim, o apagão de mão de obra, que segue a mesma linha. Problema antigo, que ninguém fez nada para resolver. Ficaram como o sapo no buraco, aguardando o dia da salvação. Até a década 90 era claro o problema, mas o numero de míopes era muito grande. Isso faz acreditar que o apagão é geral, em tudo que for mensurável. Em um artigo anterior, eu denominei o nosso país com o apelido de Dinossauro, grande e lento nas decisões.

Apesar das similaridades, o caso do apagão de mão de obra é muito complexo. Quando analisamos uma empresa, adotamos um modelo sistêmico, donde buscamos as interatividades das variáveis administrativas gerais, buscando identificar o real problema. Comparamos a empresa ao corpo humano, tudo depende de tudo. No caso do apagão o pensamento é o mesmo. Existem várias causas, especificadas na espinha de peixe. Começamos pela formação. O ensino é fraco no primário e secundário, o que permite um fraco aprendizado no ensino superior. As pessoas são mal formadas. Pessoas não continuam os estudos pela dificuldade de aprender. Sua condição social é conturbada, tanto na questão financeira como social e educacional, além da saúde. Alguns sobrevivem, mas a globalização através de novos e constantes instrumentos tecnológicos exige novas posturas de ensino e aprendizagem e ai, criam gargalos de aprendizagem, pois até as universidades não estão preparadas para as novidades.

Tudo isso provoca demora na qualificação. O poder público ignora e joga o problema para o empresário, só ele deve fazer o dever de casa. De 5 milhões e 900 mil empresas no pais, correspondendo 98% de micro e pequenas empresas, onde existem só o dono, o filho, o papagaio, o cachorro e o fiscal, como queremos crescer e sermos competitivos, se eles não sabem o que fazem, por isso os perdoamos. 2% é o mercado de médios e grandes empresas e esse é o campo de trabalho, para milhões de brasileiros e ainda permitem a entrada de estrangeiros no país para trabalhar.

Não existe apagão de mão de obra e sim de pessoas qualificadas para as novas exigências do mercado altamente competitivo e posso afirmar que o mesmo é setorial.

Deve  ficar bem claro que a questão não é a falta de gente e sim de pessoas capazes.

O empregador deve prestar atenção ao que vou afirmar: não existe colaborador sob a forma de canivete suíço. Michael Hammer quis criar essa criatura. Mas vamos supor que existisse, o mercado não teria como paga-lo. Se o empresário pagar bem ele terá bons profissionais, por um determinado tempo. Mas só o dinheiro não bastará, crie também um ótimo ambiente de trabalho. E por fim, invista em treinamento. È caro e arriscado, mas se você oferece um bom salário, um bom ambiente e boas condições de permanência, os riscos serão minimizados. Ser empreendedor é correr riscos e os riscos têm que ser calculados. Investir em treinamento é uma das soluções para o apagão, mas não e a única. O conceito de empregabilidade está na flor da pele no mercado, serve para todo o mundo, empregador, empregado, instituições e o poder público. Tem muita vaga sobrando e tem muito medíocre sobrando. Lembre não dá para achar um profissional pronto e o mesmo vá ficar para sempre na empresa. A única coisa real da vida é mudança. As empresas têm que ter a consciência de que é melhor treinar os funcionários do que encontrar gente qualificada no mercado. No mundo as universidades estão mantendo diuturnamente contatos com o meio empresarial para formarem parcerias buscando minimizar esses impactos, é um bom exemplo para o Brasil.

Todos têm que participar para tão esperada mudança, mas temos que correr atrás para solucionar esse gargalo, não devemos simplesmente ficar no discurso.

As grandes empresas brasileiras já estão investindo em mão de obra, através do instrumento Trainne e agora o poder público tenta através de um decreto capacitar à mão de obra carente nacional através do sistema S. Já  é alguma coisa, mas não o suficiente. O problema como explicamos acima é complexo, depende de inúmeras variáveis.