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Crescer ou não crescer, eis a questão!

26/02/2014

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Lembro-me quando o governo falou que a crise de 2008 não era nada, era uma marolinha, que nós saímos da mesma com destaque, pois não sofremos nem arranhões.

Achismo, puro achismo. Disseram-me que para governar não é preciso instrução e sim vivacidade, ousadia, coragem, pois as questões técnicas, você arruma, contratando ou colocando por indicação e assim resolve o problema, só no Brasil.

Temos que mudar os conceitos e temos mais atitudes profissionais, não podemos neste século ainda pensar dessa maneira, podemos levar o país a uma situação difícil de resolver.

A crise de 2008 ainda ronda a humanidade, deixou feridas abertas, taparam os prejuízos, mas não incentivaram investimentos e poupanças, o rombo foi muito grande.

A crise da Europa também nos afetou firmemente e ainda sofremos as conseqüências.

Não podemos esquecer que vivemos globalmente e não somos um puro sapo no buraco.

Em 2010 tivemos um ano muito bom, mas de lá para cá, a curva é descendente, como da industrialização brasileira. Temos que crescer, mas com qualidade. O Governo diz que vai construir vários aeroportos, vários estádios á custos estratosféricos e depois?

Torna-se difícil prever o que vai acontecer daqui para frente, pois dependemos das variáveis endógenas e exógenas, sendo a última incontrolável.

Nesse laboratório econômico que é o nosso pais , quando você pensa que vai, não vai e igual ao bloco que sai do bar do Chicão no Alto dos Passos em Juiz de Fora-MG, o nome dele é Concentra, mas não sai.

O governo para conter a inflação, utiliza a ferramenta, taxa de juros. Pura curva sazonal, senão vejamos: em 2006 a taxa de juros –Selic, era de 17,25% aa em 2007 passou para 11,50% aa, 2008 13,75%aa, 2009 8,75%aa,2011 12,25% aa,2012 7,25%aa,2013 10,00aa e em 2014 10,50%, podendo chegar hoje a 10,75% aa.

Chegamos à conclusão que nosso problema primordial é a falta de investimentos, mas com esses aumentos da Selic, torna-se impossível, pois é totalmente inibidor e a previsão para o fim de 2014 é de 11% aa.

Deu para entender o porquê nossa economia está desacelerando?

Tem alguém batendo a nossa porta e podem acreditar é ela: A recessão. Pois estamos em queda livre, produção baixa e a precisão do PIB para 2014, infelizmente é de 1, 8%, acredite quem quiser.

População endividada, bolsas sendo criada, inadimplência aumentando, desemprego também, mas temos o carnaval mais longo da história, a copa do mundo, com dívidas fabulosas e por fim as eleições, que ano!

O foco do Governo é a inflação e estão tentando de todo o jeito contê-la, mas tem que saber que a inflação tem que ser vista sob 2 aspectos: a inflação de demanda e a inflação de custo.

Itens como, a energia elétrica, alimentos e serviços, corroboram para que a chama da inflação fique sempre acesa, pressionando sua alta.

Os empresários e o próprio mercado estão descrentes com a atual conjuntura econômica adota pelo governo. A inflação para 2014 está prevista no intervalo de 5,93% a 6%.

O governo apóia injetando inúmeros recursos na classe mais carente, como bolsa família, bolsa presídio, cartão x, y, h, aumentos do salário mínimo, um verdadeiro incentivo ao consumo, gerando a tal da inflação de demanda.

Podemos então concluir que o cenário para 2014 está assim definido: mais inflação e menos crescimento, lamentável não?

Com a queda no comércio internacional, com a desindustrialização, com os cidadãos endividados, com a falta de investimentos e com a taxa de desemprego em janeiro em torno de 9,5% (Dieese), estamos no escuro.

O mundo está correndo para se recuperar da crise de 2008 e só buscam o instrumento da produtividade do trabalhador, estão nesse processo, os EUA, Grã- Bretanha e o México e cadê o Brasil?

A produtividade é uma medida de eficiência da produção, que calcula a relação entre o que é produzido, os meios empregues (como trabalhadores ou máquinas) e o tempo gasto – e permite a avaliação de quanto cada fator de produção contribui para produzir uma unidade de riqueza na economia.

Na China, considerada o ‘grande motor’ da produtividade mundial na última década, a desaceleração do indicador foi considerada um sinal de alerta de que a economia chinesa pode estar em declínio.

A produtividade é importante, pois um incremento de produtividade permite que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país cresça sem necessariamente depender de queda no desemprego ou aumento no número de empresas e fábricas, crescer com qualidade.

Na avaliação dos economistas, o Brasil possui atualmente uma combinação de baixo desemprego com lento ritmo de aceleração econômica. Assim, uma forma de fazer o país crescer seria melhorando a eficiência dos fatores de produção já existentes – como trabalhadores e empresas (qualidade). Os dados da Conference Board mostram que a produtividade do trabalhador brasileiro subiu levemente no ano passado, crescendo 0,8%, depois de ter caído 0,4% no ano anterior e de se manter em uma média histórica baixa.Os números são fracos se comparados com a produtividade do trabalhador chinês – que subiu 7,1% em 2013 e já atingiu 8,8% no começo da década.

Resumindo, crescer ou não crescer, devemos sim crescer, mas com competência e qualidade, não podemos simplesmente separar crescimento do desenvolvimento, não temos tanto tapete assim para escondermos a nossa incompetência e acabarmos com o populismo.