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Segurança, uma variável econômica.

07/08/2014

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“ Lembro-me de quando tinha uma atividade de descobrir e buscar empresas para Juiz de Fora, oferecendo atrativos estruturais e fiscais aos empresários, através do documento”Juiz de Fora for Investidor” donde continha uma série de informações estratégicas para investimentos em nossa cidade.
Com isso, atraímos algumas empresas de porte, mas com mudanças de executivos na cidade, esse norte foi esquecido.
Porém, uma coisa me chamou atenção quando começaram empresas do Estado do Rio buscarem informações sobre nossa cidade, objetivando transferir sua planta industrial, mas estavam ávidas a ter conhecimentos sobre o que nós oferecíamos em termos de incentivo fiscal.
O Mercado do RJ é fantástico, é como o Chile, compra-se de tudo e vende-se de tudo, estrategicamente um verdadeiro nicho mercadológico, mas tinha um problema grave: assaltos e a bandidagem.
Mas o tempo passou, e as condições começaram a se igualar. Competição difícil, mesmo com o incentivo do Estado.
Desde que me conheço como gente que vejo todos os políticos sem exceção em seus vibrantes discursos junto às comunidades, destacarem que se forem vencedores teremos Educação, Saúde e Segurança e já se passaram séculos e nada aconteceu.
A população aumentou, a miséria aumentou, os salários diminuíram, os recursos ficaram escassos, a vontade política só ficou na vontade, e o crime cresceu.
Existem em cada município o Fundo de Participação do Município, que são os recursos que deverão ser aplicados nos setores de nossa sociedade, como Saúde, Educação, Segurança, Obras, Saneamento, Etc.
O que podemos ver é que os valores percentuais destinados a Segurança Pública são ínfimos, semelhantes à Segurança Nacional, dando prioridades a outros setores que dão mais votos.
Participei de vários encontros de Segurança Pública e de concreto não vi nada acontecer, pois cometiam o engano de atacar os fatos e não os sintomas e a sua causa.
Culpavam os executores e não os gestores. A nossa Policia precisa mais autonomia orçamentária, administrativa e de investigação, os recursos são fundamentais e assim atenderão melhor a comunidade.
Um Estado Democrático de Direito nunca existirá se não tivermos uma policia independente, autônoma ou forte e menos burocrática.
A Policia não é responsável pela Política dos Governos, que acabam gerando caos.
Temos a necessidade de termos uma rápida modernização do aparato policial e o estabelecimento de um ciclo econômico que contemple a prevenção, o policiamento (repressão e socorro) e a investigação.
Muita gente reclama que temos que ter mais policiais e eu perguntaria de que adiantaria? Prenderíamos mais bandidos e os colocariam aonde? Não temos estrutura para tender, as delegacias estão iguais a hospitais públicos. Nos hospitais vemos doentes nos corredores, nas delegacias vemos presos nos veículos, pois não há mais lugar. Inventaram um aparelho para monitorar os presos e eles só são monitorados a noite e de dia eles assaltam, conforme noticiários da TV.(ver o caso do Galo com o monitor.)
Nas reuniões que participei não vi nada, devido eles não parar para pensar no seguinte: Discutir o modelo das policias sem discutir a nossa legislação penal e sem discutir o sistema prisional que é a aberturas de vagas, linkado a construção de presídios, e encarceramento pelo tempo da condenação, não vamos mudar nada, continuaremos a enxugar gelo.
Sendo míope na questão, muitas pessoas acham que a sociedade tem que assumir o caso, lego engano, pois entre os direitos que devem ser tutelados pelo estado, que é a proteção á vida, tende a ser o mais relevante e a sua omissão é descaso. Essa é a minha bandeira, devido à importância da segurança, temos que ter mais recursos para ela e o s políticos devem estar atentos a essa demanda.
O problema é nacional e não só de Juiz de Fora, porém os impactos são de cima para baixo. A taxa de homicídios no Brasil em 2012 a nível nacional atingiu a 25,8 assassinados por 100 mil habitantes a cada ano, o índice é 3 vezes maior do que o Haiti e superior à países em situação de conflitos internos, como Ruanda e Sudão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera em “violência epidêmica” um país que tenha mais de dez homicídios por 100 mil habitantes. Mortes por arma de fogo, o índice é superior aos dos conflitos armados, como o embate entre a Rússia e Chechência, na década de 1990 e a guerra civil de Angola , nos anos 70.
O que me assusta, mais do que o programa do Datena na TV é que as eleições estão chegando e os candidatos estão priorizando outros setores que não a segurança pública, enquanto os criminosos continuam ganhando as ruas, em função de uma legislação frouxa e a superlotação de presídios.
Outra coisa que me aterroriza é que tem gente e gente importante que diz que antes de combater o crime é preciso reduzir a desigualdade social principal responsável pela violência, um verdadeiro equivoco.
Muitos partidos têm bloqueado os debates sobre a redução da maioridade penal e o fim da progressão das penas.
Uma pesquisa do Ipea, mostra que a redução na taxa de desemprego e o aumento da renda não produzem efeito visível nas estatísticas de violência. Ou seja, um estudo de um órgão vinculado ao próprio governo admite a necessidade de investimentos na repressão ao crime pelos métodos tradicionais: colocar policiais na rua e mais bandidos na cadeia. Mas ai, eu questiono que cadeia, se não temos.
Outra coisa de suma importância sobre o assunto é: O Ipea também demonstrou que um aumento de 10% no numero de policiais reduz a taxa de homicídios em até 3,4%. Se raciocinarmos verá que um aumento de 10% no efetivo policial poderá reduzir em dez anos a taxa de homicídios em 22%.
Esse panorama prejudica o crescimento e desenvolvimento de nossa economia, pois turva a visão de futuro.
Não podemos deixar livre a entrada de armas e tóxicos pelas nossas fronteiras, o que vem acontecendo e incentivando os crimes. Somente 10% são vistoriados na amostragem, precisamos de investimentos em segurança. Volto a tocar no assunto, nenhum dos candidatos pelos menos fala em segurança, talvez temendo a segurança deles.
O país continua perdendo vidas em ritmo de guerra civil, cento e trinta e oito por dia, uma a cada dez minutos, segundo a revista Veja.
Você cidadão já parou para pensar nisso, você não pode sair às ruas, não pode ir a festas, estudar, trabalhar, etc, um direito seu.